13 de outubro de 2008

Ciara Chanel


Parte II
Voltei, queridos leitores, para a segunda parte da minha noite de ontem. Não quero que cansem a vossa delicada concentração com tanta narrativa.
Bom, escusado será dizer que o tal fotógrafo era uma brasa e eu, uma vez mais, lamentei a perda de um homem bonito para a outra equipa.
No entretanto da coisa, sobe um travesti ao palco e, depois de pedir um aplauso para a “diva” que tinha acabado de actuar, chama a atenção para o facto de haver uma celebridade na casa. Era o Vasquinho. Desatei a rir e gritei à diva Ciara Chanel que chamasse o Vasquinho a palco para ele cantar um dos seus famoso singles. Nesse momento, Ciara Chanel lançou um salto olímpico do palco para o meio da plateia e veio histericamente raptar o meu amigo enquanto gesticulava e gritava “Deixa passar, melhér! Não vês que ele é artista?!”.
Dei por mim então sozinha num meio desconhecido e fiz aquilo que todas as pessoas fazem em situações semelhantes: acendi um cigarro. Rapidamente apareceu uma querida que fez o favor de me informar da proibição de fumar no estabelecimento; e não só:
Querida: - Mas em minha casa podes fumar à vontade. E aposto que as tuas cuequinhas ficam a matar espalhadas no chão do meu quarto.
A Miss Peach gosta de se sentir apreciada mas não é grande fã de se sentir assediada. E foi sem querer que a minha bebida foi acidentalmente parar à cara dela.
Afastei-me para outro canto do bar enquanto assistia ao breve espectáculo do Vasquinho e pedi outra bebida.
Amigo Fotógrafo (A.F.): - Há noites assim.
M.P.: - Só se fôr no seu mundo.
A.F.: - Há mundos que se cruzam...
M.P.: - Pois...realmente há muita coisa!
*O que é que este tanso quereria?*
A.F.:- Veio com o Vasco Bettencourt?
M.P: - Sim, sou o guarda-costas dele.
*Era uma piada mas ele não se riu. Acho que acreditou.*
- Não lhe pode tirar fotografias, espero que saiba, senão vamos ter um problema.
*Era a continuação da piada. Ele continuou com aquela expressão “loira-no-parlamento”, ou seja, vazia*
O Vasquinho saiu de palco com grandes aplausos e gritos histéricos: “És linda, melhér!”, “Junta-te às manas para parecermos muitas!”. Veio ter comigo com vontade de me assassinar brutalmente mas conteve-se quando viu que eu estava a conversar com o fotógrafo. Despedimo-nos dele e saímos do bar.
Comentei com o Vasco a troca de palavras que tinha tido com o A.F. e que nunca diria que ele era gay.
V.: - E ele deve estar a pensar exactamente o mesmo de ti, sua fufa camiona! E é bem-feita; quem anda à chuva molha-se.
M.P.: - Mas achas que ele pensa que eu sou lésbica?
V. : Espero que tenha a certeza!! Não fosses pseudo-cosmopolita e não andasses a passear pela noite gay.
M.P.: - Bicha invejosa.
Nisto um rapaz chama o Vasquinho. Não o reconhecemos logo; era Ciara Chanel na sua versão natural: Sérgio Duarte, um trintão bem-parecido que queria dar os parabéns ao Vasquinho pelo seu à-vontade e aproveitou a deixa para o convidar para a sua festa de aniversário na sexta-feira seguinte. O Vasquinho disse que talvez aparecesse (right...não me quer parecer!). A ver vamos...
Voltei para casa e dei por mim sem sono com qualquer coisa a deixar-me desconfortável. Acendi um cigarro à janela e percebi que o que me estava a tirar o sono era o recente mal-entendido de orientações sexuais com o tal fotógrafo. Seria assim tão complicado para mim que um homem que eu não conheço de lado nenhum me considerasse gay? Não era bem isso porque isso não é, de facto, importante para mim. O problema era AQUELE homem poder pensar que a bola dele não pode jogar no meu campo.
Ai, o Drama! Tão bom e aconchegante que ele é. Apaguei o cigarro e fui dormir.
*